Desafios para estimular jovens da periferia à leitura literária: estudo de uma Unidade Estadual de Ensino de Salvador (2015-2023)

Abstract

Esta tese tem por objeto de estudo a leitura literária no contexto escolar baiano. Diante disso, definimos como objetivo geral analisar como uma unidade estadual de ensino de Salvador tem lidado com os desafios para estimular jovens da periferia à leitura literária, no período de 2015 a 2023. Para alcançá-lo, delimitamos como objetivos específicos: apresentar um levantamento de políticas públicas de leitura implementadas pelo Governo Federal (e.g. PNLD-Literário), e pelo Governo do Estado da Bahia (e.g. PELL); apontar os desafios enfrentados por docentes e jovens em si apropriarem da promoção da política de leitura literária, em vistas a uma unidade de ensino da rede estadual de Salvador; identificar de que forma(s) docentes e discentes têm participado de ações de estímulo à leitura em uma unidade de ensino da rede estadual de Salvador, considerando o período de 2025 a 2023; investigar quais espaços e/ou ações de estímulo à leitura literária estão presentes na unidade de ensino estadual de Salvador, em vistas ao período de 2015 a 2023. Quanto aos aspectos metodológicos, optamos pela investigação qualitativa, apoiada na estratégia do estudo de caso, tendo uma unidade estadual de ensino na periferia de Salvador como lócus de pesquisa. Para a coleta de dados, foram utilizadas: pesquisa bibliográfica, questionários, grupos focais e observações in loco. Participaram dos grupos focais docentes e discentes da unidade de ensino. Nossa pesquisa pôde confirmar que a promoção de atividades de estímulo à leitura literária em escolas estaduais da periferia de Salvador envolve a superação de diferentes desafios. São muitos os entraves enfrentados por docentes e discentes para si apropriarem da promoção da política de leitura literária, dentre esses se destacam: o fato de a biblioteca escolar se encontrar fechada e seu acervo, praticamente, inacessível, em decorrência da ausência de um(a) bibliotecário(a) que proceda à organização e disponibilização das obras; a falta de interesse e a resistência por parte do corpo discente à leitura literária; as demandas pessoais e profissionais enfrentadas pelas docentes, que as têm levado ao desânimo e desestímulo; a quantidade insuficiente de obras recebidas pela escola e a predominância de temáticas que não estimulam o interesse dos(as) jovens; e a pouca ou inexistente participação da família. Associado a isso, ao considerarmos as muitas políticas públicas de leitura implementadas pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado da Bahia, identificamos que estas ainda apresentam muitos limites, tais como, falhas ao longo do processo de implementação e o foco na distribuição de obras e não necessariamente na formação do(a) leitor(a) literário(a).