Menezes, Maiara Liberato de MatosCosta, Lívia Alessandra Fialho da2024-05-272024-05-272023-06-27https://ri.ucsal.br/handle/123456789/4928Introdução: Os Grupos Reflexivos para Homens Autores de Violência contra a Mulher são uma ferramenta que tem sido utilizada por ONGs e órgãos públicos de justiça, com mais veemência a partir da promulgação da Lei Maria da Penha (11.340/2006), na tentativa de reduzir a reincidência desse tipo de crime. Quando utilizada dentro dos critérios teórico-metodológicos propostos nas suas especificações, tem se tornado um instrumento consistente para apoiar os trabalhos com homens, problematizando diversas questões relacionadas à construção de suas masculinidades, estruturadas a partir de um modelo patriarcal heteronormativo. Esta ferramenta tem apresentado benefícios, não somente para os homens encaminhados pelo marco regulatório, como também à equipe técnica que conduz as atividades nos programas. Esta pesquisa estudou as contribuições de um trabalho dessa natureza para os participantes de um grupo reflexivo, o Programa "E agora, José?". Objetivos: Analisar os impactos de uma educação crítica e reflexiva, a partir da perspectiva de gênero, nos participantes de um Grupo de Homens Autores de Violência e identificar as principais mudanças de paradigma, comportamentos e impactos percebidos pelos participantes em relação à ressignificação de suas masculinidades e de suas relações familiares e de afeto. Método: A pesquisa foi exploratória, de natureza qualitativa, com análise narrativa, envolvendo um estudo empírico com dez participantes de um Grupo de Homens Autores de Violência (GHAV), divididos em dois grupos: a) cinco homens denunciados por agressão e enquadrados na Lei Maria da Penha e b) cinco homens que compõem a equipe técnica do Programa “E agora, José?” e que conduzem os encontros na condição de facilitadores e participantes. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e as falas foram transcritas e interpretadas sob a ótica dos estudos feministas de gênero pós-estruturalista e decolonial e dos estudos de masculinidades, que têm por base epistemologias feministas. Resultados: A chegada dos homens autores de violência ao programa é vista com contrariedade, resistência, como perda de tempo e certa injustiça. Com o tempo, são envolvidos pela própria dinâmica dos grupos reflexivos e pelas narrativas dos homens que já estão há mais tempo. Essa troca com homens, em diferentes estágios, cria o que os participantes chamaram de “um espaço seguro para falar sem ser julgado”, possibilitando que eles revisitem a própria história, revejam os seus comportamentos, desenvolvam novos repertórios, questionem os estereótipos de masculinidades que estavam vivenciando, e percebam que junto aos privilégios, sofrem e perpetram violências e opressões. Por fim, aprendem que podem ser homens, vivendo de um outro jeito. Saem da experiência gratos e mais conscientes do processo de socialização masculino e feminino, e da sua responsabilidade em interromper o ciclo da violência. Considerações finais: A pesquisa demonstrou que a metodologia de grupos reflexivos se apresentou com uma ferramenta de transformação pessoal e grupal para os homens entrevistados, provocando mudanças de paradigma e de práticas comportamentais nos participantes. Faz-se necessário ampliar a oferta para mais homens autores de violência, bem como expandir programas dessa natureza para as escolas, conforme exposto pelos HAV.Relações familiaresMasculinidadesViolênciaEducaçãoEquidade de gêneroAssinar um B.O. pra aprender a ser homem: as contribuições de um programa com grupos reflexivos para homens autores de violências para as ressignificações das masculinidadesDissertaçãoSociais e HumanidadesMultidisciplinar