Globalização subordinada: a influência do banco mundial nas ações educativas da Bahia

dc.citation.issueVIpt_BR
dc.creatorSilva, Marcela Mary José da
dc.creatorUCSAL, Universidade Católica do Salvador
dc.date.accessioned2020-10-26T14:45:37Z
dc.date.available2020-10-26
dc.date.available2020-10-26T14:45:37Z
dc.date.issued2003-10
dc.description.resumoNos últimos 30 anos, a face da acumulação do capital em todo o mundo vem mudando, instituindo uma nova ordem social: o neoliberalismo. Este, pautando na economia de livre mercado, na minimização da intervenção e das funções do Estado e na lei da oferta e da procura para reger a sociedade e a distribuição de bens promoveu o fenômeno e a cultura da globalização no mundo. Aliás, ressalte-se aqui que o binômio – Neoliberalismo/Globalização – constitui-se um bom instrumento para a análise da atuação contemporânea dos países dominantes sobre os dominados, e as novas formas dessa relação de dominação, ou seja, a rearticulação do capital em nível internacional. Desde o século XVI, por meio da expansão colonial, o Neoliberalismo vem se adaptando e se atualizando, sem, contudo, perder seu fundamento, que é a acumulação do capital. Nesse ínterim ocorreram todas as revoluções industriais – desde a Primeira, no século XVIII, até a Terceira, em curso – e todas as guerras do século XX. Pautado na submissão de povos e nações, pressupõe a relação dominador-dominado; a ligação dos significantes os que têm com os que nada têm, exceto a força de trabalho, disseminando-se nos países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Nesse sentido – a nova forma de acumulação – agora tendo como eixo o capital financeiro, volátil – navega com maior agilidade que as Naus do século XVI; movimenta-se com maior velocidade do que as máquinas do século XVIII e promovem conseqüências mais profundas e extensas do que as sangrentas guerras do século passado. A forma atual da acumulação do capital, neoliberal, desloca o foco da economia da produção de bens e o transfere para a especulação financeira, reorganizando, assim, as relações em sociedade e, em especial, o papel e as funções do Estado. Certamente que a nova ordem econômica reorganiza as esferas sociais, buscando adaptá-las aos seus novos propósitos. Para garantir a sua dinâmica de sobrevivência, os planos neoliberais atuam sob várias instâncias de organização dos Estados Nacionais: é necessária, prioritariamente, a redefinição das atribuições e funções do Estado. Desse aspecto desdobram-se todos os demais da esfera referenciada como pública. A partir da necessidade de desenvolvimento e de participação nesse mundo globalizado, o Estado deve ser mais ágil, flexível, diminuir suas responsabilidades – transferindo suas atividades produtivas e lucrativas para o capital. Por outro lado, repassa para o Terceiro Setor os encargos de determinadas questões, que anteriormente, na concepção do Estado de Bem-Estar, estavam sob seus auspícios. O Estado de Bem-Estar, segundo Santos (1998), caracterizava-se por ser um estado forte, regulador das relações sociais, impondo limites até mesmo à produção. Quando socialmente importante, exerceu a condição de Estado Empresarial. Em alguns países, isso permitiu garantir avanços sociais, com a criação de infra-estrutura produtiva, da expansão do emprego, da oferta de serviços públicos, tais como saúde, habitação, previdência, educação, garantia de emprego e uma conseqüente distribuição de renda. O desmanche do Estado, sobretudo na órbita do Estado Providência, a partir da III Revolução Industrial, torna-se um dos pilares para essa nova forma de acumulação do capital, sendo atribuído, como motivo de atraso de algumas nações, o excesso de responsabilidades assumidas pelo Estado. Santos (1998), abordando o Estado sob a égide da ideologia neoliberal, aponta a idéia de que este deve deixar as atividades econômicas para a iniciativa privada, a regulação das mesmas para o mercado e as responsabilidades sociais para os indivíduos. A isso se chama desregulamentação do Estado, que está a serviço da nova forma de concentração de renda e intensificação das desigualdades sociais. A idéia de um mundo globalizado, de mercados sem fronteiras, de transações em zonas de livre comércio e da possibilidade dessa realidade para todos, ou seja, a igualdade de oportunidades, tem sua representação econômica, mas, também, cultural. É nessa instância do mundo do simbólico que são passados os valores necessários para a implementação da forma neoliberal de ser, viver, trabalhar, estudar e desempenhar novas funções na sociedade. As agências mundiais, multilaterais, redefinem-se, e, como representantes dos países detentores dos capitais transnacionais, sob os auspícios da promoção do desenvolvimento aos países com dificuldades, concedem não só empréstimos a juros, como também toda uma tecnologia de crescimento e desenvolvimento, elaborada sob a forma de políticas de atuação dos países ricos em relação aos países pobres. Ícones dessa organização são: a Organização Mundial do Comércio – OMC; o Fundo Monetário Internacional – FMI e o Banco Mundial – BIRD. Silva (2001) refere-se a estes como “guardiões dos ideais e práticas desse mundo sem fronteiras, o mundo globalizado”. As influências, em especial dos dois últimos organismos no Brasil, podem ser vistas desde 1970, mas, de forma mais intensa, nos últimos oito anos. O Estado encolheu-se não só pelas privatizações, como também, pela execução de políticas, planos e modelos ditados internacionalmente, redefinindo suas ações em setores estratégicos, respondendo às necessidades e expectativas do mercado internacional, colocando o Brasil a serviço do mundo globalizado, “incluído” no rol dos países em desenvolvimento. Dentre as várias ações do Banco Mundial, são de maior interesse desta pesquisa aquelas concernentes à área educativa, que também é vista sob a ótica de mercado, e como instrumento capaz de promover a qualificação dos trabalhadores, já que formadora de mão-de-obra barata. É importante salientar que cada tipo de organização econômica e social exige um projeto especifico de educação, como bem destacou Santos (1998). Assim sendo, as reformas da educação no Brasil se vêem marcadas pelos princípios econômicos, trazendo questões para a gestão da educação como: preparação para o mercado, baixos custos, descentralização, inclusão, resultados, transformando o aluno em consumidor e a escola em empresa, implantando modelos não condizentes com realidades nacionais e regionais. O ponto de partida para a decisão do BIRD trabalhar na Educação veio da sua preocupação com a pobreza dos países em desenvolvimento. Agrega-se a isso a necessidade de um controle demográfico que garanta padrões de segurança internacionais. De início, nos anos 60, como relata Torres (1998), o investimento do BIRD no Brasil previu o financiamento da infra-estrutura, da educação de segundo grau, técnica e vocacional. Em 1973, elege-se o trabalho com os mais pobres para se reduzir a pobreza – o que se traduziu na priorização da Educação de Primeiro Grau. Com a Conferência sobre Educação para Todos, realizada em março de 1990 na Tailândia, definiu-se a Educação Básica como lema daquela década, reiterando a preocupação assinalada pelo Banco Mundial.pt_BR
dc.identifier.isbn85-88480-18-12
dc.identifier.issn85-88480-18-12pt_BR
dc.identifier.urihttps://ri.ucsal.br/handle/prefix/1967
dc.languageporpt_BR
dc.publisherUniversidade Católica do Salvadorpt_BR
dc.publisher.countryBrasilpt_BR
dc.publisher.initialsUCSALpt_BR
dc.relation.ispartofSEMOC - Semana de Mobilização Científica- Globalização subordinada: a influência do banco mundial nas ações educativas da Bahiapt_BR
dc.rightsAcesso Abertopt_BR
dc.subjectGlobalizaçãopt_BR
dc.subjectSEMOC - Semana de Mobilização Científicapt_BR
dc.subject.cnpqSociais e Humanidadespt_BR
dc.subject.cnpqMultidisciplinarpt_BR
dc.titleGlobalização subordinada: a influência do banco mundial nas ações educativas da Bahiapt_BR
dc.title.alternativeSEMOC - Semana de Mobilização Científicapt_BR
dc.typeArtigo de Eventopt_BR

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