Propostas conservacionistas para a mata atlântica
dc.citation.issue | VI | pt_BR |
dc.creator | Viana, Alan Bastos | |
dc.creator | Sousa, Cinthia Lemos Reial de | |
dc.creator | Maciel, Débora Auster | |
dc.creator | Barreto, Emili Chris da Silva | |
dc.creator | UCSAL, Universidade Católica do Salvador | |
dc.date.accessioned | 2020-11-09T12:55:29Z | |
dc.date.available | 2020-11-09 | |
dc.date.available | 2020-11-09T12:55:29Z | |
dc.date.issued | 2003-10 | |
dc.description.resumo | O Brasil é um País de dimensões continentais, permitindo que em seu território existam diversas paisagens de formações completamente avessas umas as outras. Estas variações são oriundas da grande diversidade de biomas e ecossistemas existentes no País. Um bioma é um “agrupamento de fisionomia homogênea e independente da composição florística” (DAJOZ, 1983). Já um ecossistema é “qualquer unidade (biosistema) que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (comunidade biótica) numa dada área, integrando com o ambiente físico” (ODUM, 1983). Portanto um Bioma pode conter vários ecossistemas. Os biomas que constituem o Brasil são o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Floresta Amazônica e a Floresta Atlântica, sendo esta última constituída de diversos ecossistemas como Manguezais, Restingas, Campos de Altitude, Matas Ripárias (PARAGUASSU, 1993), Florestas das Araucárias (SICK, 1997) e Florestas de Pinheirais (NASCIMENTO, 1993). Nas áreas de Mata Atlântica as barreiras de dispersão dos organismos não são tão nítidas, havendo zonas de contato entre diferentes tipologias vegetacionais (ecótonos), o que possibilita o fluxo gênico em todos os níveis taxonômicos. A preservação destas várias tipologias associadas poderá garantir a real conservação da diversidade florística e faunística neste expressivo e variado bioma também designado como Domínio da Mata Atlântica. As florestas tropicais são as maiores detentoras de diversidade biológica, sendo que o Brasil possui a maior extensão contínua de biomas florestais do planeta. A maior e mais significativa destas está representada pela Amazônia. No entanto, o Brasil possui um bioma florestal bastante prioritário: a Mata Atlântica. Mais de 70% da Amazônia ainda se encontra em bom estado de conservação, enquanto a Mata Atlântica foi reduzida a menos de 8% de sua extensão original. De acordo com regras biogeográficas básicas, a persistir essa situação, podemos esperar que metade da diversidade biológica desse bioma, extremamente rico em espécies de plantas e animais, desapareça no próximo século. Atestando esse fato, mais de 70% de todas as espécies consideradas oficialmente ameaçadas no Brasil desapareceram da Mata Atlântica. O pau-brasil (Caesalpinia echinata) hoje, é quase uma relíquia. Na Bahia podemos encontrá-lo na altura de Ilhéus, mas, atualmente, é mais fácil encontrá-lo como exemplares cultivados ou como fragmentos de caule em peças de museus (FERRI, 1980). De acordo com o renomado conservacionista, Alm. Ibsen de Gusmão Câmara, considera-se como Mata Atlântica, as áreas primitivamente ocupadas pela "[...] totalidade da Floresta Ombrófila Densa, do Rio Grande do Sul ao Ceará; as Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo; as Florestas Estacionais Semideciduais de Mato Grosso do Sul (vales dos rios Paranaíba, Grande e afluentes), Minas Gerais e Bahia (vales dos rios Paraíba do Sul, Jequitinhonha, rios intermediários e afluentes) e de regiões litorâneas limitadas do Nordeste, contíguas às florestas ombrófilas; a totalidade da Floresta Ombrófila Mista e os encraves de Araucária nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; as formações associadas (manguezais, vegetação de restingas e das ilhas litorâneas); os encraves de cerrados, e campos de altitude compreendidos no interior das áreas acima; as matas de topo e de encostas do Nordeste (“ brejos e chãs"), particularmente as do estado do Ceará, com ênfase nas da Serra de Ibiapaba e de Baturité, e Chapada do Araripe; e as formações vegetais nativas da Ilha de Fernando de Noronha" (FELDMANN, 1996). O ambiente costeiro é acompanhado por uma importante cadeia de montanhas desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o sul do estado da Bahia. Em São Paulo a sua altitude chega ao redor de 900 metros e é conhecida como Serra do Mar. Os ventos úmidos que sopram do mar em demanda do interior, ao subirem resfriam e não podem mais conter toda umidade que possuem; o excesso se precipita formando nevoeiros ou chuvas. Assim, estes ambientes contêm bastante umidade para sustentar as florestas costeiras, densas, com árvores de 20-30 metros de altura, típicas da Mata Atlântica. Graças à densidade da vegetação arbórea, o sub-bosque é escuro, mal ventilado e úmido. Por isso mesmo aí se encontra um grande número de plantas higrófilas e epífitas. Como no solo há muita serrapilheira, que origina abundante húmus, existem microorganismos de vários grupos, os quais decompõem a matéria orgânica que se incorpora ao solo, de onde é retirada, pelas raízes, retornando ao solo quando as plantas ou suas partes (ramos, folhas, flores, frutos e sementes) caem. Fecha-se assim, o ciclo planta-solo, que exemplifica a manutenção de florestas exuberantes, em solos nem sempre férteis, às vezes paupérrimos (FERRI, 1980). As características deste bioma assemelham-se muitas vezes às da Floresta Amazônica, devido a um corredor que unia essas duas formações (SICK, 1997), porém, a Mata Atlântica possui peculiaridades únicas. A Mata Atlântica possui "espécies-bandeira", que simbolizam a região e são utilizadas em campanhas de conscientização para a proteção desse ecossistema. Dentre elas, algumas espécies de primatas endêmicos, como os mico-leões (gênero Leontopithecus) (KINZEY, 1997) e as duas espécies de muriquis (gênero Brachyteles), têm ajudado a popularizar essa floresta no Brasil e no mundo. O muriqui, por exemplo, é o maior macaco das Américas e também o maior mamífero endêmico do Brasil. No passado, essa espécie foi a principal fonte de proteína dos exploradores da região costeira. Vêm-se demonstrando que espécies freqüentes e típicas da composição florística da Floresta Ombrófila Densa distribuem-se também em formações como Florestas Ombrófila Mista, Estacional Decidual e Semidecidual e de Restingas (por exemplo, o palmito Euterpe edulis), fortalecendo assim a visão do Domínio da Mata Atlântica. Portanto, é extremamente importante que se tenha com clareza o fato de que, no momento em que as populações destas espécies fiquem sujeitas à dizimação, aquelas que habitam a Floresta Ombrófila Densa certamente também estarão ameaçadas. Principalmente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, encontramos especialmente diversos tipos de campos e de matas, inclusive as matas que contém o Pinheiro-do-Paraná (Araucária angustifólia), um conjunto vegetacional que assume o aspecto inconfundível de um grande guardasol, e que se associa bem com uma planta muito conhecida e de importância econômica - o mate (Ilex paraguariensis). O gênero Araucária está ameaçado de extinção (FERRI, 1980). O que distingue nitidamente as estações, na Mata Atlântica, é a diferença de temperaturas: inverno e verão apresentam variações típicas das temperaturas máxima e mínima. Embora de dia, no inverno possa ser muito quente durante curto tempo, as temperaturas mínimas podem ser muito baixas. Fortes geadas, às vezes neve, são comuns, especialmente à noite. No verão, as altas temperaturas são muito mais freqüentes e perduram mais tempo, o que dá, como média das máximas, valores bem mais elevados. O Domínio de Mata Atlântica, na sua formação original, apresentava-se disposto em toda costa brasileira, desde a região nordeste até o sul, espalhando-se indefinidamente em direção ao interior do País. Este Domínio representava 12% do território nacional, o que equivaleria a um pouco mais de 1.000.000 de km², estando hoje reduzido a meros 6% de sua área original (PARAGUASSU, 1993). Atualmente, cerca de 50% da população do País está localizada na área onde se encontravam as grandes extensões deste Domínio, são cerca de 80 milhões de pessoas distribuídas pelos grandes centros urbanos e indústrias do Brasil (NASCIMENTO, 1993). Devido a essa grande ocupação, o Domínio de Mata Atlântica vem sendo considerado uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo, já que a sua ocupação representa a perda de áreas apontadas como as de maior biodiversidade do mundo, como o extremo sul do estado da Bahia (HADAD, 1993). Este domínio apresenta um elevado grau de endemismo tanto para flora quanto para a fauna, ao ponto que 50% de suas árvores são exclusivas (são 454 e 476 espécies de árvores e arbustos em um único hectare), e dentre as palmeiras e epífitas essa exclusividade atinge números próximos a 70% de endemismo, sendo considerado por alguns a maior biodiversidade do mundo em riqueza vegetal, com mais árvores por hectare que na Amazônia. Entre os mamíferos, 73 das 261 espécies são endêmicos segundo a Conservation International do Brasil. O que mais minou o poder deste Domínio foi o uso desordenado de seus recursos desde a época do descobrimento, com a exploração de madeiras nobres, principalmente pau-brasil (Caesalpinia echinata ), seguido pelas lavouras e mineração. Isso também acontece com os mangues que estão sendo ameaçados pela grande urbanização da costa do País e pela emissão de afluentes sem tratamento nos oceanos. O maior problema para a restinga é o crescimento populacional costeiro, já que este se concentra justamente sobre esta região (NASCIMENTO, 1993). O atual panorama deste bioma vem demonstrando uma necessidade de estudos a respeito do status de conservação de sua fauna e flora, fazendo-se necessário, também, o conhecimento do histórico de sua ocupação e dos fenômenos edafoclimáticos que o regulam. A partir do conhecimento de tal problemática, sugerimos medidas conservacionistas para que a Mata Atlântica revele por muito mais tempo e de forma sustentável suas importâncias econômica, ecológica e cultural, como também uma possível estratégia de preservação futura. | pt_BR |
dc.identifier.isbn | 85-88480-18-12 | |
dc.identifier.issn | 85-88480-18-12 | pt_BR |
dc.identifier.uri | https://ri.ucsal.br/handle/prefix/2135 | |
dc.language | por | pt_BR |
dc.publisher | Universidade Católica do Salvador | pt_BR |
dc.publisher.country | Brasil | pt_BR |
dc.publisher.initials | UCSAL | pt_BR |
dc.relation.ispartof | SEMOC - Semana de Mobilização Científica- Propostas conservacionistas para a mata atlântica | pt_BR |
dc.rights | Acesso Aberto | pt_BR |
dc.subject | Mata Atlântica | pt_BR |
dc.subject | SEMOC - Semana de Mobilização Científica | pt_BR |
dc.subject.cnpq | Sociais e Humanidades | pt_BR |
dc.subject.cnpq | Multidisciplinar | pt_BR |
dc.title | Propostas conservacionistas para a mata atlântica | pt_BR |
dc.title.alternative | SEMOC - Semana de Mobilização Científica | pt_BR |
dc.type | Artigo de Evento | pt_BR |
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