Escolas do povo: experiências de linguagens e leituras em Salvador Ba - 1870 a 1920

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dc.citation.issueVIpt_BR
dc.creatorSousa, Ione Celeste Jesus de
dc.creatorUCSAL, Universidade Católica do Salvador
dc.date.accessioned2020-10-20T18:32:19Z
dc.date.available2020-10-20
dc.date.available2020-10-20T18:32:19Z
dc.date.issued2003-10
dc.description.resumoAs grandes construções espirituais coletivas ou populares descansam, como em sólidos alicerces, no substractum da psicologia individual, e desta recebem as suas linhas divisórias mais naturais. Nelas a língua é a trama com que se tecem ou bordam as duas revelações primordiais, o mito e os costumes. É o instrumento da sua expressão. E depois da língua, as religiões. As múltiplas e variadas manifestações do sentimento religioso dão a mais segura medida da situação mental de cada povo (NINA RODRIGUES, 1935, p. 121-122) 3. Este texto apresenta o estágio atual da pesquisa de Doutorado, incorporando questões surgidas no decorrer da pesquisa relativas às vivências dos pobres urbanos no limiar do século XX, apontadas pela historiografia4 principalmente na perspectiva de que essas vivências tiveram raízes nas tradições culturais dos grupos étnicos que formavam a população da época nas diversas regiões e territórios do Brasil, em contingências historicamente tecidas, Nos limiares do século XX, o fenômeno da mobilidade dos homens livres e a intensidade do processo de miscigenação impõem, assim, outras dimensões para se interpretar os elementos constitutivos da privacidade desses grupos e os parâmetros que presidiam a vida cotidiana de largas parcelas da população brasileira. Mais do que formas de convívio íntimo, dizem respeito a estratégias de sobrevivência nas quais as relações com o meio, [...] os ritos do dia-a-dia e os da religiosidade popular tiveram que ser constantemente reelaborados, harmonizando-se às contingências de mudanças freqüentes no vaivém habitual. (WISSENBACH, 1998, 59-60). Tal olhar provocou o repensar de algumas fontes trabalhadas no Mestrado. Estas apontavam para uma repetida preocupação com o uso de outras línguas; com a implantação de uma periodicidade sistêmica nos anos escolares; com a prática de “bancas”; com o uso dos castigos físicos, o que permitiu reflexões sobre que significados tinham para os pobres urbanos – centro das reformas educacionais gestadas no período – práticas como “[...] logo que aprendiam as quatro operações, escrever um bilhete e ler um pouco do jornal, as crianças e jovens abandonavam a escola” (TEIXEIRA, 1928); preferir os preparatórios ao invés do curso secundário seriado; resistir aos horários em período integral; interessar-se por “línguas estrangeiras”. Assim, busquei incorporar a perspectiva abaixo conceituada: Interpretar a historicidade das condições de vida desses grupos (os pobres) implica, também, superar os limites dos preceitos burgueses e discernir valores e visões de mundo a eles peculiares em experiências sociais diversificadas e fluidas; implica avaliar a reorganização de suas vidas contornando [...], fugindo dos alistamentos e das conturbações políticas, buscando novos espaços sociais que permitissem minimizar não só as mazelas do desenraizamento, como também a condição de exclusão pretendida pelos projetos modernizantes das elites brasileiras (TEIXEIRA, 1928, grifo nosso). Considerei que esses sujeitos históricos, os pobres, os populares, tinham acesso a várias formas de linguagem (WILLIAMS, 1979, pp. 43)5, de leituras, inclusive o letramento, fora ou dentro da escola6, a partir de um conjunto de práticas e tradições populares sistematicamente desqualificadas pelas elites – especialmente os educadores e higienistas, consideradas como problemas, em um processo de dominação secular. Assim, atualmente, o objeto da minha pesquisa são as experiências de linguagens entre os pobres urbanos, nas camadas populares da cidade de Salvador, Bahia, entre 1870 e 1920, a partir de tradições culturais como processos educativos, constituídos e constitutivos dos modos de vida, a partir dos valores e das experiências dos sujeitos históricos. Busco apreender suas práticas e tradições-gestos, cânticos, pregões, ditados, orikis; milagres e votos; trabalhos de ferraria e ourivesaria, devotos ou laicos; trabalhos de encarnamento, entre outras artes – enquanto formas de ler e exprimir o mundo; seus esforços e estratégias para transmiti-las; suas trajetórias, estratégias e diferentes formas de ler; aprender línguas; letrar-se. Por conseguinte, os usos e mediações que despertaram habilidades nos pobres urbanos, em tensão com as estratégias de alfabetização e escolarização gestadas pelos grupos dominantes. Esses pobres urbanos, até 1889, eram os escravos, os livres e os libertos; os brancos pobres, brasileiros ou estrangeiros, como aponta a produção histórica. Após, negros, mestiços e brancos, que tento rastrear a partir de suas experiências de linguagem ancoradas em tradições culturais. Com essas premissas, considero possível caminhar na busca das experiências de leituras e escritas, dos indivíduos pobres da cidade de Salvador, pensando na diversidade de forma que se constituíram.pt_BR
dc.identifier.isbn85-88480-18-12
dc.identifier.issn85-88480-18-12pt_BR
dc.identifier.urihttps://ri.ucsal.br/handle/prefix/1901
dc.languageporpt_BR
dc.publisherUniversidade Católica do Salvadorpt_BR
dc.publisher.countryBrasilpt_BR
dc.publisher.initialsUCSALpt_BR
dc.relation.ispartofSEMOC - Semana de Mobilização Científica- Escolas do povo: experiências de linguagens e leituras em Salvador Ba - 1870 a 1920pt_BR
dc.rightsAcesso Abertopt_BR
dc.subjectEscolaspt_BR
dc.subjectSEMOC - Semana de Mobilização Científicapt_BR
dc.subjectLinguagenspt_BR
dc.subjectPovopt_BR
dc.subject.cnpqSociais e Humanidadespt_BR
dc.subject.cnpqMultidisciplinarpt_BR
dc.titleEscolas do povo: experiências de linguagens e leituras em Salvador Ba - 1870 a 1920pt_BR
dc.title.alternativeSEMOC - Semana de Mobilização Científicapt_BR
dc.typeArtigo de Eventopt_BR

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