Repercussões da amputação maior de membro inferior secundária ao diabetes mellitus nas condições de vida: narrativas das pessoas idosas e suas famílias
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Date
2025-04-25
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Publisher
UCSal, Universidade Católica do Salvador
Abstract
Amputação maior de membro inferior (AMMI), decorrente do diabetes mellitus (DM), configura-se como um agravo de elevada incidência global, com repercussões físicas, emocionais, psicológicas e sociais, tanto para a pessoa afetada quanto para sua família. Esse procedimento compromete a autoimagem e a autoestima, especialmente em idosos. Diante dessa complexidade, este estudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, teve como objetivo compreender as repercussões da AMMI em idosos com DM e sua família, utilizando a análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). A pesquisa envolveu idosos residentes em Salvador-BA, submetidos à AMMI entre maio de 2023 e abril de 2024, em um hospital público de referência, bem como seus cuidadores familiares. A seleção dos idosos considerou a equidade de gênero, e as entrevistas, realizadas em seus domicílios, permitiram o aprofundamento das narrativas e a contextualização das condições de vida. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos por meio de formulário estruturado, e as entrevistas exploraram as experiências com a amputação. As categorias analíticas foram: Experiências vivenciadas com a AMMI; Reestruturação da vida cotidiana; e Suporte social. Participaram 12 pessoas: seis idosos submetidos à AMMI, com idades entre 61 e 75 anos, e seis cuidadores familiares, entre 42 e 67 anos. Entre os idosos, três eram casados, dois solteiros e um viúvo; cinco possuíam ensino médio completo, e quatro foram submetidos à amputação transfemoral. Todos apresentavam hipertensão arterial sistêmica e doença arterial periférica, e dois também conviviam com insuficiência renal crônica. Entre os cuidadores, cinco eram mulheres; uma apresentava diagnóstico de DM e três, hipertensão arterial. Observou-se distribuição equitativa no grau de parentesco com os idosos, e três cuidadores tinham escolaridade inferior a 12 anos. Todos residiam em bairros com contextos de vulnerabilidade social. Os achados evidenciaram impactos expressivos da AMMI no bem-estar dos idosos, com destaque para a perda de autonomia, inadequações no ambiente domiciliar e barreiras de acessibilidade urbana. A atuação dos cuidadores mostrou-se fundamental, permeada por laços afetivos, sobrecargas e ausência de apoio estatal. A espiritualidade emergiu como importante estratégia de enfrentamento, especialmente para os idosos, favorecendo a resiliência. A expectativa pela prótese e pela fisioterapia foi recorrente, sendo percebida como importante para a retomada da autonomia. As considerações finais deste estudo reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção da AMMI associada ao DM, com ênfase na educação em saúde e no fortalecimento do autocuidado. Evidenciam a necessidade de qualificar e ampliar a assistência aos idosos com AMMI e seus cuidadores, por meio de redes articuladas e políticas inclusivas que reduzam desigualdades e promovam dignidade às pessoas com amputação e suas famílias.
Description
Keywords
Amputação de membro inferior, Diabetes mellitus, Família, Cuidador familiar, Suporte social