De barro e lama: trabalho, cultura e tradição em famílias artesãs do Recôncavo Baiano

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Date

2019-09-11

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UCSal, Universidade Católica do Salvador

Abstract

Este estudo teve como objetivo investigar o papel da família-artesã ceramista, enquanto espaço pedagógico, buscando explicar como se deu a transmissão inter-trans e multigeracional de uma cultura com fortes marcas de ancestralidade em dois municípios do Recôncavo Baiano, bem como, analisar a relação das dinâmicas criativas encontradas com a atividade artesanal e sua influência no desenvolvimento local e intrafamiliar. Entendido como um processo psicossociocultural e fenomenológico, o estudo possibilitou esclarecer como ocorre a dinâmica entre tradição e modernidade e apontou signos, significados e práticas construídas no processo de transmissão cultural entre as diversas gerações familiares. A natureza metodológica desse estudo compreendeu uma abordagem qualitativa e fenomenológica, com uso de técnicas observacionais e participativa e estudo de caso, de caráter etnográfico, com duas famílias residentes, respectivamente, no Município de Aratuípe (Distrito de Maragogipinho) e Maragojipe (Coqueiros). Para coleta dos dados utilizou-se de entrevistas narrativas, construção do genograma, técnica de análise de fotografias e observação participante. A abordagem teórica principal aqui adotada baseou-se na Fenomenologia, discutindo o papel mediador da família, das experiências no contexto e da tradição, que respaldam as experiências do mundo da vida dos sujeitos participantes. Os principais resultados permitiram inferir que os membros das famílias artesãs se envolvem pessoalmente, vivenciando a realização do trabalho artesanal, atualizando e reatualizando essas práticas. Outros resultados permitiram propor que: 1) a família artesã representa um novo tipo de constelação familiar, por possuir um conjunto de características que diferem das demais já catalogadas, como por exemplo, apresentando-se numa correlação, onde a inserção produtiva do conjunto dos membros familiares não pode ser separada dos papéis sociais que estes membros desempenham, ou seja, trabalho e família estão intimamente entrelaçados. Desse modo a família artesã só pode se constituir nessa relação, enquanto unidade econômica e psicossocial, ou seja, não podemos separar a família do trabalho produtivo; 2) A formação da pessoa e da comunidade se dá pela e na empatia, tendo o barro como elemento unificador e construtor de subjetividades e intersubjetividades; e 3) A pedagogia do artesanato permite diversas elaborações, construção, formulação e descoberta de sentidos da vida, reestruturando as vivências idiossincráticas, permitindo aprendizagens que se dão no processo inter, trans e multigeracional.

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Keywords

Família-artesã, Fenomenologia, Processos inter-trans e multigeracional

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