Coconstrução de sentidos e significados nos processos comunicacionais familiares: narrativas de pais, mães e filhos(as) adolescentes
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Date
2025-10-21
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UCSal - Universidade Católica do Salvador
Abstract
A comunicação parento-filial é uma dimensão fundamental para a compreensão do funcionamento familiar, pois é a via pela qual se estabelecem as interações e se qualificam as relações. Ela desempenha um papel decisivo no desenvolvimento emocional, cognitivo e social de crianças e adolescentes, influenciando diretamente o bem-estar familiar e o futuro de seus membros. Diante dessa relevância, este estudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, teve como objetivo identificar a coconstrução de sentidos e significados atribuídos aos processos comunicacionais na dinâmica relacional entre pais, mães e filhos(as) adolescentes. Para tanto, adotou-se a metodologia de Narrativas de Vida, fundamentada na Abordagem Sistêmica Familiar e na Teoria da Comunicação Humana. Participaram da pesquisa quatro adolescentes, dois do sexo masculino e duas do sexo feminino, entre 15 e 18 anos, membros de famílias nucleares, bem como seus respectivos genitores, todos residentes na área urbana do município de Feira de Santana-Ba. A coleta de dados envolveu um questionário sociodemográfico e entrevista narrativa, permitindo a exploração das percepções familiares acerca das trocas afetivas, das atitudes parentais e filiais diante dos conflitos emergentes, das práticas educativas cotidianas e da identificação dos sentimentos mobilizados nas partilhas de situações problemáticas. A análise dos dados foi realizada por meio do método Interpretação dos sentidos (Minayo, 2014). Os resultados evidenciaram que a afetividade foi reconhecida como recurso fundamental para o fortalecimento dos vínculos e da coesão familiar, manifestando-se por atitudes de acolhimento, aceitação incondicional, disponibilidade emocional e respeito mútuo. As mães foram percebidas como mais engajadas, especialmente na mediação de conflitos e no apoio diante de situações problemáticas, denotando sentimento de confiança mútua. Por sua vez, os pais apareceram como mais reativos e distantes, sobretudo nas relações com filhos do sexo masculino, demonstrando dificuldades nessas interações. Estratégias como a metacomunicação e a autorreferência parental mostraram-se eficazes na negociação de regras e limites, ao passo que o time out, adotado por adolescentes, contribuiu para a prevenção de escaladas conflituosas. Constatou-se ainda uma predominância da tipologia familiar consensual, do estilo parental autoritativo e de práticas educativas indutivas e dialógicas, atravessadas por transmissões intergeracionais de valores culturais e religiosos. Entre as limitações desta pesquisa, destaca-se a amostra com participantes pertencentes ao mesmo estrato social e contexto sociocultural. Sugere-se a replicação com ampliação da amostra e investimentos futuros em estudos comparativos entre famílias com diferentes níveis sociais e em contextos socioculturais diversificados. Ressalta-se ainda necessidade de aprofundar discussões sobre temas sensíveis, como sexualidade e uso de tecnologias digitais.
Description
Keywords
Comunicação parento-filial, Adolescência, Família nuclear, Narrativas